sexta-feira, 19 de novembro de 2010

"MANEIRAS E MÉTODOS / ERROS DE ORTOGRAFIA"

"Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita"

"14 – MANEIRAS E MÉTODOS / ERROS DE ORTOGRAFIA"



"Não nos deteríamos sobre a objeção de alguns críticos às falhas de ortografia de alguns Espíritos, se ela não nos permitisse fazer, sobre o fato, uma observação essencial. A ortografia deles, é preciso dizer, nem sempre é impecável; mas é necessário não ter mais nenhum argumento para fazer disso objeto de uma crítica séria, alegando que, uma vez que os Espíritos sabem tudo, devem saber ortografia. Poderíamos apontar numerosos pecados desse gênero cometidos por mais de um sábio da Terra, o que não lhes tira em nada o mérito; entretanto, há nesse fato uma questão mais importante: para os Espíritos e principalmente para os Espíritos Superiores, a idéia é tudo, a forma não é nada. Desligados da matéria, sua linguagem é rápida como o pensamento, uma vez que é o próprio pensamento que se comunica sem intermediário; em vista disso, devem sentir-se constrangidos, pouco à vontade, quando são obrigados, para se comunicar conosco, a se servir de formas longas e confusas da linguagem humana, agravadas pela insuficiência e imperfeição dessa linguagem para exprimir todas as idéias; é o que eles próprios dizem. É curioso também ver os meios que empregam para atenuar esse inconveniente. Certamente faríamos o mesmo se tivéssemos que nos exprimir numa língua mais longa em palavras e expressões e mais pobre do que aquela que nos é usual. É o embaraço que experimenta o homem de gênio, como podemos imaginar, se impacientando com a lentidão de sua caneta, que está sempre atrás de seu pensamento. Concebe-se, por essa razão, que os Espíritos dêem pouca importância ao detalhe da pobreza das regras ortográficas, quando se trata especialmente de um ensinamento sério. Já não é maravilhoso, aliás, que eles se exprimam indiferentemente em todas as línguas e as compreendam todas? Entretanto, não devemos concluir que a correção convencional da linguagem lhes seja desconhecida; eles a observam quando necessário. É assim, por exemplo, que a poesia ditada por eles, muitas vezes, desafia a crítica mais meticulosa, e isso apesar da ignorância do médium."

("O Livro dos Espíritos", Allan Kardec)

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