terça-feira, 31 de julho de 2018

"O HOMEM SEM GRANDES POSSIBILIDADES INTELECTUAIS É SEMPRE UM HOMEM MEDÍOCRE?"

 
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"Questão 212 – O homem sem grandes possibilidades intelectuais é sempre um homem medíocre?"
"O conceito de mediocridade modifica-se no plano de nossas conquistas universalistas, depois das transições da morte.
Aí no mundo, costumais enaltecer o escritor que enganou o público, o político que ultrajou o direito, o capitalista que se enriqueceu sem escrúpulos de consciência, colocados na galeria dos homens superiores. Exaltando-lhes os méritos individuais com elogios extravagantes, muitos falais em “mediocridade”, em “rebanho”, em “rotina”, em “personalidade superior”.
Para nós, a virtude da resignação dos pais de família, criteriosos e abnegados, no extenso rebanho de atividades rotineiras da existência terrestre, não se compara em grandeza com os dotes de espírito do intelectual que gesticula desesperado de uma tribuna, sem qualquer edificação séria, ou que se emaranha em confusões palavrosas na esfera literária, sem a preocupação sincera de aprender com os exemplos da vida.
O trabalhador que passa a vida inteira trabalhando ao Sol no cultivo da terra, fabricando o pão saboroso da vida, tem mais valor para Deus que os artistas de inteligência viciada, que outra coisa não fazem senão perturbar a marcha divina das suas leis.
Vede, portanto, que a expressão de intelectualidade vale muito, mas não pode prescindir dos valores do sentimento em sua essência sublime, compreendendo-se afinal, que o “homem medíocre” não é o trabalhador das lides terrestres, amoroso de suas realizações do lar e do sagrado cumprimento de seus deveres, sobre cuja abnegação edificou-se a organização maravilhosa do património mundano."
“O Consolador” – Emmanuel/Francisco Cândido Xavier

segunda-feira, 30 de julho de 2018

"SOLIDÃO"

 
 
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"A necessidade de relacionamento humano, como meca­nismo de afirmação pessoal, tem gerado vários distúrbios de comportamento, nas pessoas tímidas, nos indivíduos sensí­veis e em todos quantos enfrentam problemas para um inter­câmbio de ideias, uma abertura emocional, uma convivência saudável.
Enxameiam, por isso mesmo, na sociedade, os solitários por livre opção e aqueloutros que se consideram marginalizados ou são deixados à distância pelas conveniências dos grupos.
A sociedade competitiva dispõe de pouco tempo para a cordialidade desinteressada, para deter-se em labores a bene­fício de outrem.
O atropelamento pela oportunidade do triunfo impede que o indivíduo, como unidade essencial do grupo, receba consi­deração e respeito ou conceda ao próximo este apoio que gostaria de fruir.
O homem, no entanto, sem ideal, mumifica-se. O ideal é-lhe de vital importância, como o ar que respira.
O sucesso social não exige, necessariamente, os valores intelecto-morais, nem o vitalismo das ideias superiores, an­tes cobra os louros das circunstâncias favoráveis e se apoia na bem urdida promoção de mercado, para vender imagens e ilusões breves, continuamente substituídas, graças à rapidez com que devora as suas estrelas.
Quem, portanto, não se vê projetado no caleidoscópio mágico do mundo fantástico, considera-se fracassado e recua para a solidão, em atitude de fuga de uma realidade mentiro­sa, trabalhada em estúdios artificiais.
Parece muito importante, no comportamento social, rece­ber e ser recebido, como forma de triunfo, e o medo de não ser lembrado nas rodas bem sucedidas, leva o homem a esta­dos de amarga solidão, de desprezo por si mesmo.
Há uma terrível preocupação para ser visto, fotografado, comentando, vendendo saúde, felicidade, mesmo que fictí­cia.
A conquista desse triunfo e a falta dele produzem soli­dão.
O irreal, que esconde o caráter legítimo e as lídimas aspi­rações do ser, conduz à psiconeurose de autodestruição.
Há terrível ânsia para ser-se amado, não para conquistar o amor e amar, porém para ser objeto de prazer, mascarado de afetividade. Dessa forma, no entanto, a pessoa se desama, não se torna amável nem amada realmente.
O silêncio, o isolamento espontâneo são muito saudáveis para o indivíduo, podendo permitir-lhe reflexão, estudo, autoaprimoramento, revisão de conceitos perante a vida e a paz interior.
O sucesso, decantado como forma de felicidade, é, tal­vez, um dos maiores responsáveis pela solidão profunda.
Os campeões de bilheteria nos shows, nas rádios, televi­sões e cinemas, os astros invejados, os reis dos esportes, dos negócios cercam-se de fanáticos e apaixonados, sem que se vejam livres da solidão.
A neurose da solidão é doença contemporânea, que ame­aça o homem distraído pela conquista dos valores de peque­na monta, porque transitórios.
Resolvendo-se por afeiçoar-se aos ideais de engrandeci­mento humano, por contribuir com a hora vazia em favor dos enfermos e idosos, das crianças em abandono e dos ani­mais, sua vida adquiriria cor e utilidade, enriquecendo-se de um companheirismo digno, em cujo interesse alargar-se-ia a esfera dos objetivos que motivam as experiências vivenciais e inoculam coragem para enfrentar-se, aceitando os desafios naturais.
O homem solitário, todo aquele que se diz em solidão, exceto nos casos patológicos, é alguém que se receia encon­trar, que evita descobrir-se, conhecer-se, assim ocultando a sua identidade na aparência de infeliz, de incompreendido e abandonado.
A velha conceituação de que todo aquele que tem amigos não passa necessidades, constitui uma forma desonesta de estimar, ocultando o utilitarismo sub-reptício, quando o pra­zer da afeição em si mesma deve ser a meta a alcançar-se no inter-relacionamento humano, com vista à satisfação de amar.
O medo da solidão, portanto, deve ceder lugar, à confian­ça nos próprios valores, mesmo que de pequenos conteúdos, porém significativos para quem os possui.
Possivelmente, o homem que caminha a sós se encontre mais sem solidão, do que outros que, no tumulto, inseguros, estão cercados, mimados, padecendo disputas, todavia sem paz nem fé interior.
A fé no futuro, a luta por conseguir a paz íntima — eis os recursos mais valiosos para vencer-se a solidão, saindo do arcabouço egoísta e ambicioso para a realização edificante onde quer que se esteja."
 
"O Homem Integral", Joanna de Ângelis/ Divaldo Pereira Franco

domingo, 29 de julho de 2018

"PRECONCEITO CONTRA O ESPIRITISMO"

 
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"Ainda existe, em maior escala do que se pensa, o medo do Espiritismo. Há pouco, fomos procurados por uma pessoa que, sentindo evidentes perturbações de origem mediúnica, e tendo percorrido os consultórios de psiquiatria, vira-se obrigada a recorrer aos "recursos espirituais", segundo dizia. Quando soube que não estava tratando com um "espiritualista", mas com um espírita, assustou-se de tal maneira, que viu-se forçada a confessar o seu medo. "Se eu soubesse que o senhor era espírita — declarou — não o teria procurado." A verdade é que, apesar disso, acabou se convencendo de que o Espiritismo poderia ajudá-la, e mais tarde tornou-se espírita. Mas não foi muito fácil arrancar-lhe da mente o pavor doentio que lhe haviam infundido. Sacerdotes, pessoas da família, amigos e médicos, todos haviam contribuído para que o medo se enraizasse em sua alma. Terrível medo, que a desviava da única solução possível para o seu problema. E o que é mais curioso, a maior contribuição para esse estado de temor foi dado por certas publicações espiritualistas, que apesar de admitirem a reencarnação e a lei de causa-e-efeito, condenam a mediunidade, pintando-a com as mais negras pinceladas.
O preconceito anti-espírita assemelha-se muito à prevenção contra o Cristianismo, no mundo antigo. As pessoas que temem o Espiritismo não conhecem a doutrina, dão ao termo aplicações indevidas, perdem-se num cipoal de lendas e suposições a respeito das sessões espíritas. Em geral nos acusam de endemoniados, necromantes, feiticeiros e coisas do mesmo teor, como faziam gregos e romanos com os cristãos primitivos. E essas deturpações do Espiritismo não são apenas orais, correndo entre pessoas simples. Figuram também em publicações eruditas, revistas, jornais, livros de ensaios e estudos, com signatários cultos.
Pitágoras já dizia que a Terra é a morada da opinião. E como a opinião é a coisa mais frívola que existe, a mais incerta e a mais irresponsável, não é de admirar que tanta gente opine sobre o que não conhece. Mesmo entre os letrados, a opinião é um hábito enraizado. Mas é evidente que, quando se trata de uma doutrina espiritual, esposada por tantos homens de projeção no mundo das ciências e do pensamento, em todo o mundo, as pessoas de cultura, ou mesmo de mediana cultura, deviam ter mais cautela ao se manifestarem a respeito. Porque se é livre o direito de opinar, não é menos livre o direito de se julgar o senso de responsabilidade de quem opina.
O maior motivo de temer do Espiritismo é o próprio temor. Ou seja: é a covardia humana, essa terrível covardia que faz os homens estremecerem de horror diante do perigo de mudarem de posição diante da vida e do mundo. O Espiritismo, entretanto, não exige outra mudança, senão a da concepção estreita de uma vida utilitarista e falsa, para a ampla concepção de uma vida espiritual, profunda e verdadeira. Quanto ao problema das relações com o mundo invisível, o Espiritismo não estabelece essas ligações, que existem na vida de todas as criaturas, mas apenas as explica e orienta, dando-lhes o verdadeiro sentido no processo da existência: Temer o Espiritismo é temer a verdade, que os seus princípios nos revelam, apesar de todos os que lutam para deturpá-los."

"O Homem Novo", José Herculano Pires

sábado, 28 de julho de 2018

"CONTA-SE"


"Conta-se que Licurgo, célebre orador ateniense, fora, certa ocasião, convidado para falar sobre a Educação. Aceitou o convite, sob a condição de lhe concederem três meses de prazo. Findo esse tempo, apresentou-se perante numerosa e seleta assembleia, que aguardava, ávida de curiosidade, a palavra do consagrado tribuno.

Licurgo apareceu, então, trazendo consigo dois cães e duas lebres. Soltou o primeiro mastim e uma das lebres. A cena foi chocante e bárbara. O cão avança furioso sobre a lebre e a despedaça. Soltou, em seguida, o segundo cachorro e a outra lebre. Aquele pôs-se a brincar com esta amistosamente. Ambos os animais corriam de um para outro lado, encontrando-se aqui e acolá para se afagarem mutuamente.

Ergue-se, então, Licurgo na tribuna e conclui, dirigindo-se ao seleto auditório:

"Eis aí o que é a educação. O primeiro cão é da mesma raça e idade que o segundo. Foi tratado e alimentado em idênticas condições. A diferença entre eles, é que um foi educado, e o outro não."

O objetivo máximo do Espiritismo é precisamente esse: educar para salvar. Iluminar o interior dos homens para libertar a Humanidade de todas as formas de selvajaria; de todas as modalidades de crueza e de impiedade; e de todas as atitudes e gestos de rivalidade feroz e deselegância moral. Esta conquista diz respeito ao sentimento, ao senso religioso, que os homens do século perderam, ou melhor, que jamais chegaram a possuir."

“O Mestre na educação”, Vinícius/Pedro Camargo

sexta-feira, 27 de julho de 2018

"SE DEUS FEZ O MUNDO..."


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"Se Deus fez o mundo, replicam triunfalmente certos materialistas, quem então fez Deus? Esta objeção não tem sentido. Deus não é um ser que se junte à série dos seres. Ele é o Ser universal, sem limites no tempo e no espaço, por conseqüência infinito, eterno. Não pode haver nenhum ser acima nem ao lado dele.
Deus é a fonte e o princípio de toda vida. É por ele que se religam, unem e harmonizam todas as forças individuais, e que sem Ele estariam isoladas e divergentes."
"O Porquê da Vida", Léon Denis

quinta-feira, 26 de julho de 2018

"BEM-AVENTURADOS OS MANSOS"

 
 
 
 
 
"(...)As ideias — políticas, filosóficas ou religiosas — igualmente
hão sido impostas, muitas vezes pela força, custando
isso à Humanidade um sacrifício de vidas não menor que o causado pelas guerras de conquista.

No campo da economia, então, os gananciosos sem escrúpulos, quantos recursos opressivos não empregam para conseguir o enriquecimento rápido, indiferentes ao sofrimento das multidões, vítimas indefesas de suas manobras altistas?
(...)
Sim, até agora a Terra tem sido açambarcada
pelos violentos, em dano para os mansos e cordatos.
Tempos virão, entretanto, em que as relações humanas
dos terrícolas serão bem outras.
Sob o império do amor universal pregado pelo Cristo, cada qual verá em seu semelhante um irmão, cujos direitos lhe cumpre respeitar, e não um adversário contra o qual deva lutar; o egoísmo cederá lugar ao altruísmo, de sorte que todos se auxiliarão mutuamente em suas necessidades;
e porque ninguém cuidará de elevar-se sobre os outros,
mas sim de superar-se a si mesmo, em saber e moralidade,
os fracos e os pacíficos já não serão esmagados nem explorados, inexoravelmente, como estamos habituados a presenciar."

"O Sermão da Montanha", Roberto Calligaris

quarta-feira, 25 de julho de 2018

"CONCLUSÕES"


 "Estuda, ensina, esclarece,
Mas foge à palavra oca.
Apenas colher vazia
Acaba ferindo a boca.

O bem reúne três modos:
Caridade – obrigação:
Benevolência – dever:
Esmola – devolução.

Abriga-te na humildade,
Não busques mundana estima.
O ouro afunda no mar.
A palha fica por cima."

(Regueira Costa, na obra  "Orvalho de Luz,
Espíritos Diversos/Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 24 de julho de 2018

"NA VIDA TUDO PASSA"



 
 
 
 
"Não apresse o rio – diz um pensamento hindu.
A vida tem seu próprio ritmo e suas próprias regras.
Ninguém muda coisa alguma, se não tiver a paciência necessária.
Mas, para viver em paz durante o tempo em que a vida age processando as mudanças, é preciso saber viver as coisas como elas são, enquanto elas assim forem.
Em outras palavras, é preciso saber aceitar o inevitável, enquanto ele for uma realidade em sua vida.
Ser feliz é algo que depende de você aceitar que tudo o que está na sua vida hoje, tem uma razão para estar ali.
E vai passar, no seu devido tempo.
Nesta vida nada é por acaso. Tudo tem uma razão
de ser.
E mais: nesta vida tudo passa.
Quando cessa a necessidade de um acontecimento em nossa vida, quando aprendemos a lição que há para nós nesse acontecimento, então ele se vai.
Ele passa e dá lugar a novos acontecimentos, com novas lições de vida.
A vida é um renovar constante, é uma lição contínua.
Na vida tudo passa! As coisas boas passarão, mas também, as coisas ruins passarão.
Por isso a felicidade vem do bom senso de aceitar o inevitável, com a paciência necessária para esperar que tudo passe...
A partir do momento que paramos de gastar energia lutando contra o inevitável – e damos à vida o tempo necessário para resolver esse problema –, passamos a acumular condições para transformar a nossa vida em algo melhor.
Passamos também a ver com mais clareza onde usar essa energia economizada.
Tudo começa a ter então, uma perspectiva melhor.
E isso favorece a felicidade. Seja mais feliz, aprendendo as lições de cada acontecimento e tendo a tranquilidade de saber, que:
 “Tudo passa após cumprido o seu propósito em sua vida”.
"Passagem Semeando Amor", Lourival Lopes

segunda-feira, 23 de julho de 2018

"EM TUA AFLIÇÃO"





"Guarda cuidado, nas horas de aflição, para que as tuas lágrimas de sofrimento não se convertam em óleo de egoísmo, incandescido nas chamas do desespero, a incendiar-te o caminho.

Lembra-te dos que jornadearam na Terra antes de ti e recorda que outros viajarão amanhã no sulco de teus passos para que a serenidade e a confiança te abençoem a existência.

Nos instantes de inconformação e de dor, lança breve olhar à retaguarda e reflete na angústia dos que caminham, dentro da noite, sem esperança...

Observa os que jazem na sombra da cegueira, os que se tresmalham nas trevas da loucura, os que foram mutilados ao nascer...

Medita naqueles que ainda hoje não dispuseram de pão para sossegar o estômago atormentado, que não puderam conciliar o sono sob as garras da inquietação ou que agonizam fora do lar, sequiosos da assistência e do afeto que lhes faltaram à vida...

Não te detenhas, na revolta ou no desânimo, já que possui cérebro para raciocinar com segurança, olhos para enxergar a paisagem, verbo para tecer a caridade e o consolo das mãos para auxiliar...

Não olvides que as aflições irremediáveis emudecem o coração, impedindo, muitas vezes, a própria palavra naqueles que lhes padecem o insulto.

E, fazendo da própria luta o aprendizado bendito que Deus te concede, transforma a tua aflição menor, que ainda pode clamar e definir-se, queixar-se e estender-se, em sublime passo de entendimento para que te faças mais útil aos que sofrem mais que ti mesmo, assimilando do Senhor a lição inolvidável do sacrifício e da renúncia, através da qual, diante da flagelação e da morte, converteu a própria cruz num poema de bem-aventurança e vida imperecível."

"Fé, Paz e Amor", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier

domingo, 22 de julho de 2018

"AMBIÇÃO"








"O mestre convidou o discípulo a uma convivência educativa.

Passado o período de treinamento individual, o sábio apontou seixos e pedregulhos, tornando-os gemas preciosas, com o que presenteou o jovem.

Notando-o indiferente ao prêmio, indagou-lhe o que desejava.

O moço, ambicioso, respondeu:

- Gostaria de possuir o vosso dedo mágico.

O guru meditou em silêncio, após o que lhe redargüiu:

- De nada te valerá a extremidade, sem o dínamo gerador do poder. O dedo te seria inútil, faltando-te a mente disciplinada e vigorosa para a realização do que aspiras. E tal somente é logrado quando não se ambiciona nada mais."



"Paz Íntima", Eros/Divaldo Pereira Franco


sábado, 21 de julho de 2018

"HUMILDES DE ESPÍRITO"

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"A humildade é o ingrediente oculto sem o qual o pão da vida amarga invariavelmente na boca.
Amealharás recursos amoedados a mancheias; entretanto, se não te dispões a usá-los, edificando o conforto e a alegria dos outros, na convicção de que todos os bens pertencem a Deus, em breve converter-te-ás em prisioneiro do ouro que amontoaste, erguido à feição de teu próprio cárcere.

Receberás precioso mandato de autoridade entre as criaturas terrestres; no entanto, se não procuras a inspiração do Senhor para distribuir os talentos da justa fraternidade, como quem está convencido de que todo o poder é de Deus, transformar-te-ás, pouco a pouco, no empreiteiro inconsciente da crueldade, por favoreceres a própria ilusão, buscando o incenso a ti mesmo na prática da injustiça.

Erguerás teu nome no pedestal da cultura; contudo, se não te inclinas à Sabedoria Divina, acendendo a luz em benefício de todos, como quem não ignora que toda inteligência é de Deus, depressa te arrojarás ao chavascal da mentira, angariando em teu prejuízo a embriaguez da vaidade e a introdução à loucura.

Lembra-te de que a Bondade Celeste colocou a humildade por base de todo o equilíbrio da natureza.

O sábio que honra a ciência ou o direito não prescinde da semente que lhe garante a benção da mesa.

O campo mais belo não dispensa o fio dágua que lhe fecunda as entranhas em dádivas de verdura.

E o próprio Sol, com toda a pompa de seu magnificente esplendor, embora fulcro de criação, converteria o mundo em pavoroso deserto não fosse a chuva singela que lhe ambienta no solo a força criadora.

Não desdenhes de servir, aprendendo com o Mestre Divino, que realizou o seu apostolado de amor entre a manjedoura desconhecida e a cruz da flagelação, e será contado entre aqueles para os quais Ele mesmo pronunciou as inesquecíveis palavras:

"Bem-aventurados os humildes de espírito, porque a eles mais facilmente se descerrarão as portas do Céu."
 

"Plantão de Paz", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier

sexta-feira, 20 de julho de 2018

A VERDADE


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"Frequentemente a verdade levanta sementes de ódios que a mentira sabe cultivar. Todavia, intimorata, ela triunfa sobre todas as dissensões e se enflora de paz onde haja encontrado guarida."
"Poemas de Paz”, Simbá/ Divaldo P. Franco

quinta-feira, 19 de julho de 2018

"REDENÇÃO"



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"O mergulho de Jesus nos fluidos grosseiros do orbe terráqueo é a história da redenção da própria humanidade, que sai das furnas do “eu” para os altos píncaros da liberdade.

Vivendo nos reinados de Augusto e Tibério, cujas vidas assinalaram com vigor inusitado a História, o Seu berço e o Seu túmulo marcaram indelevelmente o tempo, constituindo sinal divisório da Civilização, acontecimento predominante nos fastos da vida humana.

Aceitando como berço o reduto humílimo de uma estrebaria, no momento significativo de um censo, elaborou, desde o primeiro momento, a profunda lição da humildade para inaugurar um reinado diferente entre as criaturas, no justo momento em que a supremacia da força entronizava o gládio e a púrpura atapetava o solo, alcatifando o piso por onde passavam os triunfadores.

E não se afastou, jamais, da diretriz inicial assumida: o de servo de todos.

Acompanhando a marcha tresloucada do espírito humano que se encontra atado aos sucessivos ciclos dos renascimentos inferiores, na roda das paixões escravizantes, fez que pioneiros e embaixadores da Sua Morada O precedessem cantando as glórias superiores da vida e do belo, para propiciar os sonhos de elevação e as ânsias sublimantes...

Alexandre Magno conquistou o Mundo sem conseguir, no entanto, intimidar os filósofos que habitavam as margens do Indo. Apaixonado por Homero, dizia encontrar na Ilíada inspiração ao amor e à guerra que lhe dava glórias... Logo passou, e aos 33 anos sucumbiu, depois de ter vivido o correspondente a várias vidas...

Os direitos dos povos pertenciam aos dominadores e o homem não passava de animal de carga, nas garras da força.

Depois dEle, Marco Aurélio registra os pensamentos que fluem da mente privilegiada, sob elevada inspiração de Emissários Sábios enquanto peleja nos campos juncados de cadáveres...; as hostes selvagens, em nome da hegemonia política de vândalos elevados ao poder, irrompem voluptuosas, quais labaredas humanas crepitantes e carbonizantes, e atrás de suas legiões ficam os destroços, as cinzas, as dores agudíssimas das cidades vencidas e enlutadas.

Os triunfadores de um dia erigem monumentos à própria insânia, que a soberba qualifica de glória, mas que ruem quando os construtores se consomem...

... Tudo passa! A Grande Esfinge tudo devora...

Tronos refulgentes, sólios esplêndidos, coortes brilhantes ao Sol, conquistas grandiosas, civilizações douradas e impiedosas, os tempos vencem...

Ele chega silencioso, pulcro, e fica.

Reúne a malta dos aflitos e os agasalha ao próprio peito.

Nada solicita, coisa alguma exige.

Libertador por excelência, canta o hino da verdadeira liberdade, ensinando a destruição dos elos da inferioridade que junge o homem às mais cruéis cadeias...

Embosca-se na carne, mas é Sol de incomparável luz, clareando o fulcro dos milênios.

Ao suave balido da Sua mansa voz, acordam as esperanças e se levantam os ideais esquecidos.

Ao forte clamor do seu verbo, erguem-se os dias, e as horas do futuro vibram, aprofundando no cerne do mundo os alicerces da Humanidade Feliz do porvir.

Admoesta e ajuda.

Verbera, rigoroso, e socorre.

Aceita a oferenda do amor mas não enclausura a verdade nas paredes do suborno.

Rei Celeste, comparte das necessidades dos pecadores e vive entre eles.

Permuta o contato dos anjos pela comunhão do populacho da verdejante e calma Cafarnaum, trocando os esplendores da Via-Láctea pelas madrugadas rubras do lago piscoso.

Prefere os entardeceres ardentes de Jericó à epopéia célica dos astros em infinito meio-dia.

Aceita o pó das estradas ermas e calcinadas de Caná, Magdala, Dalmanuta, e as suas fronteiras que se perdem no Sistema Solar, Ele as estreita entre o Mar e o Hebron, entre a Síria e o país de Moab... 

Deixa a gleba paradisíaca para tomar de um grão de mostarda e elaborar com ele uma cantata, sofrendo calor asfixiante; esfaimado, pede a uma figueira frutos que, fora de época, não os pode dar... 

Senhor do Mundo, Causa anterior existente, deixa-se confundir na turba, na multidão esfarrapada, que em fúria busca o amor sem saber identificá-lo; na multidão, sim, na qual, sofrendo, encontra a razão do Seu glorioso martírio.

Entre os sofredores, canta as mais eloquentes expressões que o homem jamais ouviu.

As Suas Boas Novas são orquestradas pela musicalidade espontânea da Natureza, no cenário das primaveras e dos verões, entre as aldeias e o lago, no coração exuberante da Terra em crescimento... 

E traído, magoado, encarcerado, vencido numa Cruz, elege uma tranquila e luminosa manhã para ressurgir, buscando uma antiga obsediada para dizer-lhe que a vida não cessa, e que o Reino de Deus está dentro do coração, reafirmando, insofismável, ficar “conosco todos os dias até o fim do Mundo”, retornando, assim, ao Pai, onde nos espera vencidas as refregas libertadoras da ascese em que hoje nos empenhamos com sofreguidão."

"Primícias do Reino", Amélia Rodrigues/Divaldo Franco

quarta-feira, 18 de julho de 2018

O LAR








"O lar não é somente o santuário de alvenaria, onde reconfortas o corpo; é, também, o reino das almas, onde o teu coração reclama a benção da paz e a alegria do viver. É o templo em cujo altar vivo, o senhor nos situa o Espírito para o aprendizado na escola humana.
Aprende a servir dentro dele, afim de que possas representar dignamente o teu papel que te cabe no mundo.
Semeia, aí dentro, no recinto abençoado que te viu crescer, a bondade e o entendimento.
Quando não fores compreendido por aqueles que te cercam, nos laços da consanguinidade, cultiva o auxilio silencioso, a benefício dos que te rodeiam."
"Psiquiatria em Face da Reencarnação", Dr. Inácio Ferreira

terça-feira, 17 de julho de 2018

"O CORPO ESPIRITUAL"







"— Desencarnar!... Parece coisa de açougueiro! — comentava, jocoso, um amigo, católico convicto.
       E eu, no mesmo tom:
       — O açougueiro descarna. A gente desencarna, sai da carne. Aliás, você é tão magro que provavelmente vai desensossar, sair do ossos.
       Curiosa a resistência à expressão desencarnar. Compreensível que o materialista não a aceite. Afinal, para ele tudo termina no túmulo... O mesmo não deveria ocorrer com as pessoas que aceitam a sobrevivência., adeptos de qualquer religião. Se concebemos que a individualidade sobrevive à morte física, ela se impõe para definir o processo que libera o Espírito da carne.
       Imperioso para uma compreensão melhor do assunto considerar a existência do corpo espiritual ou períspirito, conforme explicam as questões 150 e 150-a, de “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”:
       “A alma, após a morte, conserva a sua individualidade?”
       “Sim, jamais a perde. Que seria ela, se não a conservasse?”
       “Como comprova a alma sua individualidade, uma vez que não tem mais corpo material?”
       “Continua a ter um fluido que lhe é próprio, haurido na atmosfera do seu planeta, e que guarda a aparência de sua última encarnação: seu períspirito.”
       Bastante esclarecedoras são, também as questões 135 e 135-a:
       “Há no homem alguma outra coisa além da alma e do corpo?”
       “Há o laço que liga a alma ao corpo.”
       “De que natureza é esse laço?”
       “Semimaterial, isto é, de natureza intermédia entre o Espírito e o corpo. É preciso que seja assim para que os dois de possam comunicar um com o outro. Por meio desse laço é que o Espírito atua sobre a matéria e reciprocamente.”
       Comenta Kardec:
       “O homem é, portanto, formado de três partes essenciais:
       1º - O corpo ou ser material, análogo ao dos animais e animado pelo mesmo princípio vital;
       2º -  A alma, Espírito encarnado que tem no corpo a sua habitação.
       3º  -  O princípio intermediário, ou períspirito, substância Semimaterial que serve de primeiro envoltório ao Espírito e liga a alma ao corpo. Tais, num fruto, o gérmen, o perisperma e a casca.”
       Desde os tempos mais recuados os estudiosos admitem a existência de um corpo extracarnal, veículo de manifestação do Espírito no plano em que atua (no plano físico, ligando-o à carne; no plano espiritual, compatibilizando-o com as características e os seres da região onde se situe).
       O apóstolo Paulo reporta-se ao períspirito quando diz, na II Epístola aos Coríntios (12:2 a 4): “Conheço um homem em Cristo, que há 14 anos (se no corpo não sei, se fora do corpo não sei; Deus o sabe), foi arrebatado até ao terceiro céu. E sei que o tal homem foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, de que ao homem não é lícito falar”.
       Enquanto a máquina física dormia, atendendo aos imperativos de descanso, Paulo, em corpo espiritual, deslocava-se rumo às Esferas Superiores, conduzido por mentores amigos, a fim de receber preciosas orientações. Tentando, talvez, definir a natureza de sua experiência, ele comenta, na I Epístola aos Coríntios (15:40): “Há corpos celestes e corpos terrestres”.
       Semelhantes deslocamentos não constituem privilégio dos santos. Todas as criaturas humanas o fazem, diariamente, durante o sono, com registros fugazes e fragmentários na forma de sonhos. Considere-se, entretanto, que a natureza dessas excursões é determinada pelas atividades na vigília. Por isso, o homem comum, preso a interesses imediatistas, configurando prazeres, vícios e ambições, a par de uma total indiferença pelo auto-aprimoramento espiritual e a disciplina das emoções, não tem a mínima condição para experiências sublimes como a de Paulo.
       Todos “morremos”, diariamente, durante o sono. Mas, para transitar com segurança e lucidez nas regiões além-túmulo, nessas horas, aproveitando integralmente as oportunidades de aprendizado, trabalho e edificação, ´-e preciso cultivar os valore do espírito durante a vigília. Caso contrário estaremos tão à vontade no Plano Espiritual, como peixes fora d’água."
(“Quem tem medo da morte?”, de Richard Simonetti)