As indústrias do supérfluo apresentam no mercado da vacuidade
um sem-número de produtos desnecessários, que aturdem os
indivíduos.
Estimulados pela propaganda bem elaborada, desejam comprar,
mesmo sem poder, o que vêem, o que lhes é apresentado,
numa volúpia crescente.
Objetos e máquinas que são o último modelo, em pouco tempo
passam para o penúltimo lugar, até ficarem esquecidos em
armários ou depósitos de coisas sem valor.
No entanto, se não fossem adquiridos, naquela ocasião, a vida
perderia o sentido para quem os não comprasse.
Consumismo é fantasia, transferência do necessário para o
secundário.
O consumidor que não reflete antes de adquirir, termina consumido
pelas dívidas que o atormentam.
*
Muita gente faz compras, por mecanismos de evasão.
Insatisfeitas consigo mesmas, fogem adquirindo coisas mortas,
e mais se perturbando.
Enquanto grande número de indivíduos se afogam no oceano
do supérfluo, multidões inteiras não possuem o indispensável para
uma vida digna.
Abarrotados, uns, com coisas nenhumas, e outros vitimados
por terrível escassez.
São os paradoxos do século e do comportamento materialistautilitarista
da atualidade.
*
Confere a necessidade legítima, antes de te permitires o consumismo.
Coisas de fora não equacionam estados íntimos. Distraem a
tensão por um momento, sem que operem real modificação interior.
Quando o excesso te visite, reparte-o com a escassez ao teu
lado.
Controla e dirige a tua vontade, a fim de não seres uma vítima
a mais do tormento consumista."
("Episódios Diários", Joanna de Ângelis/Divaldo Pereira Franco)
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