segunda-feira, 17 de outubro de 2011

"A LIÇÃO DA ESPADA"


"Não cuideis que vim trazer a paz à terra..." - JESUS. (Mateus, 10:34.)

"Não vim trazer a paz, mas a espada" - disse-nos o Senhor.
E muitos aprendizes prevalecem-se da feição literal de Sua palavra, para entender a sombra
e a perturbação.
Valendo-se-lhe do conceito, companheiros inúmeros consagram-se ao azedume no lar,
conturbando os próprios familiares, em razão de lhes imporem modos de crer e pontos de
vista, vergastando-lhes o entendimento, ao invés de ajudá-los na plantação da fé viva
quando não se desmandam em discussões e conflitos, polemizando sem proveito ou
acusando indebitamente a todos aqueles que lhes não comunguem a cartilha de violência e
de crueldade.
O mundo, até a época do Cristo, legalizara a prepotência do ódio e da ignorância,
mantendo-lhe a terrível dominação, através da espada mortífera da guerra e do cativeiro, em
sanguinolentas devastações.
A realeza do homem era a tirania revestida de ouro, arruinando e oprimindo onde
estendesse as garras destruidoras.
Com Jesus, no entanto, a espada é diferente.
Voltada para o seio da terra, representa a cruz em que Ele mesmo prestou o testemunho
supremo do sacrifício e da morte pelo bem de todos.
É por isso que seu exemplo não justifica os instintos desenfreados de quantos pretendem
ferir ou guerrear em Seu nome.
A disciplina e a humildade, o amor e a renúncia marcam-lhe as atitudes em todos os passos
da senda.
Flagelado e esquecido, entre o escárnio e a calúnia, o perdão espontâneo flui-lhe,
incessante, da alma, para somente retribuir benção por maldição, luz por treva, bem por mal.
Assim, se recebeste a espada simbólica que o Mestre nos trouxe à vida, lembra-te de que a
batalha instituída pela lição do Senhor permanece viva e rija, dentro de nós, a fim de que,
ensarilhando sobre o pretérito a espada de nossa antiga insensatez, venhamos a convertêla
na cruz redentora, em que combateremos os inimigos de nossa paz, ocultos em nosso
próprio "eu", em forma de orgulho e intemperança, egoísmo e animalidade, consumindo-se
ao preço de nossa própria consagração à felicidade dos outros, única estrada suscetível de
conduzir-nos ao império definitivo da Grande Luz."

("Ceifa de Luz", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

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