sábado, 30 de outubro de 2010

"O SURGIMENTO DA PSICOGRAFIA"

"Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita"

"5-O Surgimento da Psicografia"



"Mais tarde se reconheceu que o cesto e a prancheta, na realidade, eram apenas um substituto da mão, e o médium, pegando diretamente o lápis, pôs-se a escrever por um impulso involuntário e quase febril.
Dessa forma, as comunicações tornaram-se mais rápidas, fáceis e completas. Hoje é o meio mais empregado, tanto é que o número de pessoas dotadas dessa aptidão é muito grande e multiplica-se todos os dias. A experiência fez conhecer outras variedades da faculdade mediúnica e constatou-se que as comunicações poderiam igualmente ter lugar pela fala, pela audição, pela visão, pelo tato, etc. e até mesmo pela escrita direta dos Espíritos, ou seja, sem a interferência da mão do médium nem do lápis.
Comprovado o fato, era preciso estabelecer e demonstrar um ponto essencial: qual era o papel do médium nas respostas e a parte que poderia nelas tomar, mecânica e moralmente. Duas circunstâncias fundamentais, que não poderiam escapar a um observador atento, podem resolver a questão. A primeira é a maneira pela qual o cesto se movia sob influência do médium, somente pela imposição dos dedos sobre a borda. O exame demonstra a impossibilidade de que o médium pudesse lhe impor qualquer direção. Essa impossibilidade torna-se mais evidente quando duas ou três pessoas colocam ao mesmo tempo as pontas dos dedos nas bordas de um mesmo cesto. Seria preciso uma concordância de movimentos entre elas verdadeiramente fenomenal, e ainda seria preciso mais, a concordância de seus pensamentos para que pudessem se entender quanto à resposta a dar à questão formulada. Um outro fato, não menos importante, ainda vem se juntar à dificuldade: é a mudança radical que se constata na caligrafia, conforme o Espírito que se manifesta; porém, cada vez que o mesmo Espírito retorna, sua escrita se reproduz. Seria preciso, portanto, que o médium fosse capaz de mudar sua própria escrita de 20 maneiras diferentes e, principalmente, que pudesse se lembrar da que pertence a este ou àquele Espírito.
A segunda circunstância resulta da própria natureza das respostas que são, na maioria, principalmente quando se trata de questões abstratas14 ou científicas, notoriamente fora dos conhecimentos e algumas vezes além da capacidade intelectual do médium, que não tem consciência do que escreve sob influência do Espírito. Com freqüência, o médium não ouve ou não compreende a questão proposta, uma vez que pode ser feita numa língua que lhe é estranha, ou mesmo mentalmente; e a resposta pode ser dada por escrito ou falada nessa mesma língua. Enfim, acontece que muitas vezes o cesto escreve espontaneamente, sem pergunta prévia, sobre um assunto qualquer e inteiramente inesperado.
Essas respostas, em alguns casos, têm uma tal marca de sabedoria, profundidade e oportunidade, revelam pensamentos tão elevados, tão sublimes, que somente podem proceder de uma inteligência superior, fundamentada na mais pura moralidade. Outras vezes, são tão levianas, tão fúteis e até mesmo tão vulgares que a razão se recusa a acreditar que possam proceder de uma mesma fonte. Essa diversidade da linguagem e dos ensinamentos somente se pode explicar pela diversidade das inteligências que se manifestam. Estarão essas inteligências na humanidade ou fora dela? Esse é o ponto a esclarecer, para o qual se encontrará a explicação completa nesta obra, exatamente como foi revelada pelos próprios Espíritos.
Eis que os efeitos ou fenômenos evidentes e incontestáveis que se produzem fora do círculo habitual de nossas observações não se processam misteriosamente, mas sim à luz do dia, e todos podem vê-los e constatá-los, porque não são privilégio de um único indivíduo, uma vez que milhares de pessoas os repetem todos os dias à vontade. Esses efeitos têm necessariamente uma causa, e a partir do momento que revelam a ação de uma inteligência e de uma vontade saem do domínio puramente físico.
Muitas teorias foram anunciadas a esse respeito. Elas serão examinadas em seguida e veremos se podem fornecer a razão de todos os fatos que se produzem. Admitamos, em princípio, antes de chegar até lá, a existência de seres distintos da humanidade, uma vez que esta é a explicação fornecida pelas inteligências que se revelam, e vejamos o que nos dizem."

("O Livro dos Médiuns", Allan Kardec)

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