quarta-feira, 28 de setembro de 2011

"MELHORAR PARA PROGREDIR"


"E a um deu cinco talentos e a outro dois e a outro um,
a cada um segundo a sua capacidade..." - Jesus.
(MATEUS, 25:15.)

"Melhorar para progredir - eis a senha da evolução.
Passa o rio dos dons divinos em todos os continentes da vida, contudo, cada ser lhe
recolhe as águas, segundo o recipiente de que se faz portador.
Não olvides que os talentos de Deus são iguais para todos, competindo a nós outros a
solução do problema alusivo à capacidade de recebê-los.
Não te percas, desse modo, na lamentação indébita.
Uma hora anulada na queixa é vasto patrimônio perdido no preparo da justa habilitação
para a meta a alcançar.
Muitos suspiram por tarefas de amor, confiando-se à aversão e à discórdia, enquanto que
muitos outros sonham servir à luz, sustentando-se nas trevas da ociosidade e da
ignorância.
A alegria e o fulgor dos cimos jazem abertos a todos aqueles que se disponham à jornada
da ascensão.
Se te afeiçoas, assim, aos ideais de aprimoramento e progresso, não te afastes do
trabalho que renova, do estudo que aperfeiçoa, do perdão que ilumina, do sacrifício que
enobrece e da bondade que santifica...
Lembra-te de que o Senhor nos concede tudo aquilo de que necessitamos para
comungar-Lhe a glória divina, entretanto, não te esqueças de que as dádivas do Criador
se fixam, nos seres da Criação, conforme a capacidade de cada um."

("Palavras de Vida Eterna", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 25 de setembro de 2011

"AO LEVANTAR-SE"


"Agradeça a Deus a bênção da vida, pela manhã. Se você não tem o hábito
de orar, formule pensamentos de serenidade e otimismo, por alguns
momentos, antes de retomar as próprias atividades.
Levante‐se com calma.
Se deve acordar algué, use bondade e gentileza, reconhecendo que
gritaria ou brincadeiras de mau gosto nã auxiliam em tempo algum.
Guarde para com tudo e para com todos a disposiçã de cooperar para o
bem.
Antes de sair para a execuçã de suas tarefas, lembre‐se de que épreciso
abençar a vida para que a vida nos abençe."

("Sinal Verde", André Luiz/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 24 de setembro de 2011

"RECOMECEMOS"


" Ninguém põe remendo de pano novo em vestido velho " - Jesus.
(Mateus, 9 : 16.)"

"Não conserves lembranças amargas.
Viste o sonho desfeito.
Escutaste a resposta de fel.
Suportaste a deserção dos que mais amas.
Fracassaste no empreendimento.
Colheste abandono.
Padeceste desilusão.
Entretanto, recomeçar é benção na Lei de Deus.
A possibilidade da espiga ressurge na sementeira.
A água, feita vapor, regressa da nuvem para a riqueza da fonte.
Torna o calor da primavera, na primavera seguinte.
Inflama-se o horizonte, cada manhã, com o fulgor do Sol, reformando o valor do dia.
Janeiro a Janeiro, renova-se o ano, oferecendo novo ciclo ao trabalho.
É como se tudo estivesse a dizer : "Se quiseres, podes recomeçar ".
Disse, porém , o Divino Amigo que ninguém aproveita remendo novo em pano velho.
Desse modo, desfaze-te do imprestável.
Desvencilha-te do inútil.
Esquece os enganos que te assaltaram.
Deita fora as aflições improfícuas.
Recomecemos, pois, qualquer esforço com firmeza, lembrando-nos , todavia, de que tudo
volta, menos a oportunidade esquecida, que será sempre uma perda real."

("Palavras de Vida Eterna", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

"NA SUBLIME INICIAÇÃO"


"Quando Jesus nos convocou à perfeição, conhecia claramente a carga de falhas
e deficiências de que estamos ainda debitados perante a Contabilidade da Vida.
Urge, assim, penetrar o sentido de semelhante convite, aceitando, de nossa
parte, a sublime iniciação.
Na subida áspera em demanda aos valores eternos, as Leis do Universo não nos
reclamam qualquer ostentação de grandeza espiritual. Criaturas em laboriosa marcha na
senda evolutiva atendamos, desse modo, aos alicerces do aprendizado.
Nas horas de crise, os Estatutos Divinos não nos rogam certidões de
superioridade a raiarem pela indiferença, e sim, que saibamos sofrê-las com reflexão e
dignidade, assimilando os avisos da experiência.
Renteando com injúrias e zombarias, as instruções do Senhor não exigem de
nós a máscara da impassibilidade, e sim, que as vençamos de ânimo forte, assimilandolhes
a passagem com a benção da compreensão fraternal.
Defrontados por tentações, a vida não espera que estejamos diante delas, em
regime de anestesia, e sim, que busquemos neutralizá-las com paciência e coragem,
entesourando os ensinos de que se façam mensageiras, em nosso próprio favor.
Abstenhamo-nos de adornar a existência com expectações ilusórias. Somos
criaturas humanas, a caminho da sublimação necessária e, nessa condição, errar e
corrigir-nos para acertar sempre mais, são impositivos de nosso roteiro. Conquanto isso,
porém, permaneçamos convencidos, desde hoje, de que se por agora não nos é possível
envergar a túnica dos anjos, podemos e devemos matricular-nos na escola dos espíritos
bons."

("Alma e Coração", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

"INIMIGOS OCULTOS"


"Mencionamos, com muita freqüência, que os inimigos exteriores são os piores
expoentes de perturbação que operam em nosso prejuízo. Urge, porém, olhar para
dentro de nós, de modo a descobrir que os adversários mais difíceis são aqueles de que
não nos podemos afastar facilmente, por se nos alojarem no cerne da própria alma.
Dentre eles, os mais implacáveis são:
- o egoísmo, que nos tolhe a visão espiritual, impedindo vejamos as
necessidades daqueles que mais amamos;
- o orgulho, que não nos permite acolher a luz do entendimento, arrojando-nos
a permanente desequilíbrio;
- a vaidade, que nos sugere a superestimação do próprio valor, induzindo-nos a
desprezar o merecimento dos outros;
- o desânimo, que nos impele aos precipícios da inércia;
- a intemperança mental, que nos situa na indisciplina;
- o medo de sofrer, que nos subtrai as melhores oportunidades de progresso, e
tantos outros agentes nocivos que se nos instalam no Espírito, corroendo-nos a energias
e depredando-nos a estabilidade mental.
Para a transformação dos adversários exteriores contamos, geralmente, com o
amparo de amigos que nos ajudam a revisar relações, colaborando conosco na
constituição de novos caminhos; entretanto, para extirpar os que moram em nós, vale
tão-somente o auxílio de DEUS, com o laborioso esforço de nós mesmos.
Reportando-nos aos inimigos externos, advertiu-nos JESUS que é preciso
perdoar as ofensas setenta vezes sete vezes, e decerto que para nos descartarmos dos
inimigos internos – todos eles nascidos na trevas da ignorância – prometeu-nos o
Senhor: “conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres”,
o que equivale dizer que só estaremos a salvo de nossas calamidades interiores,
através de árduo trabalho na oficina da educação."

("Alma e Coração", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

"AUXILIARÁS POR AMOR"


"Auxiliarás por amor nas tarefas do benefício.
Não te deixarás seduzir pelo verbo fascinante dos que manejam o ouro da
palavra para incrementar a violência em nome da liberdade e dos que te induzam a crer
seja a vida um fardo de desenganos.
Adotarás a disciplina por norma de ação em teu ambiente de trabalho
renovador, e educar-te-ás na orientação do bem, elevando o nível da existência e
sublimando as circunstâncias.
De muitos ouvirás que não adianta sofrer em proveito dos outros e nem semear
para sustento da ingratidão; entretanto, recordarás os benfeitores anônimos que te
amaciaram o caminho, apagando-se tantas vezes para que pudesses brilhar.
Rememorarás a infância, no refúgio doméstico, e perceberás que te ergueste, acima de
tudo, da bondade com que te agasalharam o coração. Não conseguiste a ternura materna
com recursos amoedados, não remuneraste teu pai pelo teto em que te guardou a
meninice, não compraste a afeição dos que te equilibraram os passos primeiros e nem
pagaste o carinho daqueles que te alçaram o pensamento à luz da oração, ensinando-te
a pronunciar o nome de Deus!...
Reflete nas raízes de amor com que o Todo-Misericordioso nos plasmou os
alicerces da vida, e colabora onde estejas para que o bem se erija por sustentáculo de
todos.
Enxergarás, nos que te rodeiam, irmãos autênticos, diante da Providência
Divina. Ajudarás os menos bons para que se tornem bons, e auxiliarás os bons a fim de
que se façam melhores.
Se a perturbação te dificulta o caminho, serve, sem alarde, e a trilha de
libertação se te abrirá, propiciando-te acesso à frente.
Se ofensas te apedrejam, escuda-te no dever bem cumprido e serve sempre, na
certeza de que a bondade com a força do tempo é a meia natural de todos os reajustes.
Muitos, mandam, exigem, dispõem ou discutem... Serás aquele que serve, o
samaritano da benção, o entendimento dos incompreendidos, a luz dos que se debatem
nas sombras, a coragem dos tristes e o apoio dos que se afligem na retaguarda!... E,
ainda quando te vejas absolutamente a sós, no ministério do bem, serás fiel à obrigação
de servir, lembrando-te de que, certo dia, um anjo na forma de um homem escalou um
monte árido em supremo abandono, carregando a cruz do próprio sacrifício, mas porque
servia e servia, perdoando e perdoando, fez nas trevas da morte o sol das nações, em
perenidade de luz e amor para o mundo inteiro."

("Alma e Coração", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 17 de setembro de 2011

"TEORIAS SOBRE A FORMAÇÃO DA TERRA"

CAPÍTULO VIII

Teorias sobre a formação da Terra

 


Teoria da projeção

"1. - De todas as teorias concernentes à origem da Terra, a que alcançou maior voga, nestes últimos tempos, é a de Buffon, quer pela posição que ele desfrutava no mundo sábio, quer pela razão de não se saber mais do que ele disse naquela época.
Vendo que todos os planetas se movem na mesma direção, do ocidente para o oriente, e no mesmo plano, a percorrer órbitas cuja inclinação não passa de 7 graus e meio, concluiu Buffon, dessa uniformidade, que eles hão de ter sido postos em movimento pela mesma causa.
De igual ponto de vista, formulou a suposição de que, sendo o Sol uma massa incandescente em fusão, um cometa se haja chocado com ele e, raspando-lhe a superfície, tenha destacado desta uma porção que, projetada no espaço pela violência do choque, se dividiu em muitos fragmentos, formando esses fragmentos os planetas, que continuaram a mover-se circularmente, pela combinação das forças centrífuga e centrípeta, no sentido dado pela direção do choque primitivo, isto é, no plano da eclíptica.
Os planetas seriam assim partes da substância incandescente do Sol e, por conseguinte, também teriam sido incandescentes, em sua origem. Levaram para se resfriar e consolidar tempo proporcionado aos seus volumes respectivos e, quando a temperatura o permitiu a vida lhes despontou na superfície.
Em virtude do gradual abaixamento do calor central, a Terra chegaria, ao cabo de certo tempo, a um estado de resfriamento completo; a massa líquida se congelaria inteiramente e o ar, cada vez mais condensado, acabaria por desaparecer. o abaixamento da temperatura, tornando impossível a vida, acarretaria a diminuição, depois o desaparecimento de todos os seres organizados. Tendo começado pelos pólos, o resfriamento ganharia pouco a pouco todas as regiões, até ao Equador.
Tal, segundo Buffon, o estado atual da Lua que, menor do que a Terra, seria hoje um mundo extinto, do qual a vida se acha para sempre excluída. O próprio Sol viria a ter, afinal, a mesma sorte. De acordo com os seus cálculos, a Terra teria gasto cerca de 74.000 anos para chegar à sua temperatura atual e dentro de 93.000 anos veria o termo da existência da Natureza organizada.
2. - A teoria de Buffon, contraditada pelas novas descobertas da Ciência, está presentemente abandonada, quase de todo, pelas razões seguintes:
1º Durante longo tempo, acreditou-se que os cometas eram corpos sólidos, cujo encontro com um planeta podia ocasionar a destruição deste último. Nessa hipótese, a suposição de Buffon nada tinha de improvável. Sabe-se, porém, agora, que os cometas são formados de uma matéria gasosa, bastante rarefeita, entretanto, para que se possam perceber estrelas de grandeza média através de seus núcleos. Nessas condições, oferecendo menos resistência do que o Sol, impossível é que, num choque violento com este, eles sejam capazes de arremessar ao longe qualquer porção da massa solar.
2º A natureza incandescente do Sol é também uma hipótese, que nada, até ao presente, confirma, que, ao contrário, as observações parecem desmentir. Se bem ainda não haja certeza quanto à sua natureza, os poderosos meios de observação de que hoje dispõe a Ciência hão permitido que ele seja melhor estudado, de modo a admitir-se, em geral, que é um globo composto de matéria sólida, cercada de uma atmosfera luminosa, ou fotosfera, que não se acha em contacto com a sua superfície. (1)
    (1) Completa dissertação, à altura da ciência moderna, sobre a natureza do Sol e dos cometas, se encontra nos Estudos e leituras sobre a Astronomia, de Camilo Flammarion.
3º Ao tempo de Buffon, somente se conheciam os seis planetas de que os antigos eram conhecedores: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter e Saturno. Descobriram-se depois outros em grande número, três dos quais, principalmente, Juno, Ceres e Palas, têm suas órbitas inclinadas de 13, 10 e 34 graus, o que não concorda com um movimento único de projeção. (2)
    (2) Nota da Editora: Os planetóides Juno, Ceres e Palas, bem como centenas de outros, estão localizados entre as órbitas de Júpiter e Marte.
4º Reconheceram-se absolutamente inexatos os cálculos de Buffon acerca do resfriamento, desde que Fourier descobriu a lei do decrescimento do calor. A Terra não precisou apenas de 74.000 anos para chegar à sua temperatura atual, mas de alguns milhões de anos.
5º Buffon unicamente considerou o calor central da Terra, sem levar em conta o dos raios solares. Ora, é sabido hoje, em presença de dados científicos de rigorosa precisão, obtidos pela experiência, que, em virtude da espessura da crosta terrestre, o calor interno do globo não contribui, de há muito, senão em parcela insignificante, para a temperatura da superfície exterior. São periódicas as variações que essa temperatura sofre e devidas à ação preponderante do calor solar (cap. VII, nº 25). Permanente que é o efeito dessa causa, ao passo que o do calor central é nulo, ou quase nulo, a diminuição deste não pode trazer à superfície da Terra sensíveis modificações. Para que a Terra se tornasse inabitável pelo resfriamento, fora necessária a extinção do Sol. (1)
    (1) Vejam-se, para maiores esclarecimentos sobre este assunto e sobre a lei do decrescimento do calor: Cartas acerca das revoluções do globo, pelo Dr. Bertrand, ex-aluno da Escola Politécnica de Paris, carta II. - Esta obra, à altura da ciência moderna, escrita com simplicidade e sem espírito de sistema, encerra um estudo geológico de grande interesse.

Teoria da condensação

3. - A teoria da formação da Terra pela condensação da matéria cósmica é a que hoje prevalece na Ciência, como sendo a que a observação melhor justifica, a que resolve maior número de dificuldades e que se apóia, mais do que todas as outras, no grande princípio da unidade universal. É a que deixamos exposta acima, no cap. VI: Uranografia geral.
Estas duas teorias, como se vê, conduzem ao mesmo resultado: estado primitivo, de incandescência, do globo; formação de uma crosta sólida pelo resfriamento; existência do fogo central e aparecimento da vida orgânica, logo que a temperatura a tornou possível. Diferem, no entanto, em pontos essenciais e é provável que, se Buffon vivesse atualmente, adotaria outras idéias.
A Geologia toma a Terra no ponto em que é possível a observação direta. Seu estado anterior, por escapar à observação, só pode ser conjetural. Ora, entre duas hipóteses, o bom-senso diz que se deve preferir a que a lógica sanciona e que mais acorde se mostra com os fatos observados.

Teoria da incrustação

4. - Apenas por não deixar de mencioná-la, falamos desta teoria, que nada tem de científica, mas, que, entretanto, conseguiu certa repercussão nos últimos tempos e seduziu algumas pessoas. Acha-se resumida na carta seguinte:
«Deus, segundo a Bíblia, criou o mundo em seis dias, quatro mil anos antes da era cristã. Essa afirmativa os geólogos a contestam, firmados no estudo dos fósseis e dos milhares de caracteres incontestáveis de vetustez que transportam a origem da Terra a milhões de anos. Entretanto, a Escritura disse a verdade e também os geólogos. E foi um simples campônio (1) quem os pôs de acordo ensinando que o nosso globo não é mais do que um planeta incrustativo, muito moderno, composto de materiais muito antigos.
    1) Miguel de Figagnères (Var), autor da Chave da Vida.
«Após o arrebatamento do planeta desconhecido, que chegara à maturidade, ou de harmonia com o que existiu no lugar que hoje ocupamos, a alma da Terra recebeu ordem de reunir seus satélites, para formar a Terra atual, segundo as regras do progresso em tudo e por tudo. Quatro apenas desses astros concordaram com a associação que lhes era proposta. Só a Lua persistiu na sua autonomia, visto que também os globos têm o seu livre-arbítrio. Para proceder a essa fusão, a alma da Terra dirigiu aos satélites um raio magnético atrativo, que pôs em estado cataléptico todo o mobiliário vegetal, animal e hominal que eles possuíam e que trouxeram para a comunidade. A operação teve por únicas testemunhas a alma da Terra e os grandes mensageiros celestes que a ajudaram nessa grande obra, abrindo aqueles globos para lhes dar entranhas comuns. Praticada a soldadura, as águas se escoaram para os vazios que a ausência da Lua deixara. As atmosferas se confundiram e começou o despertar ou a ressurreição dos germens que estavam em catalepsia. O homem foi o último a ser tirado do estado de hipnotismo e se viu cercado da luxuriante vegetação do paraíso terrestre e dos animais que pastavam em paz ao seu derredor. Tudo isto se podia fazer em seis dias, com obreiros tão poderosos como os que Deus encarregara da tarefa. O planeta Ásia trouxe a raça amarela, a de civilização mais antiga; o África a raça negra; o Europa a raça branca e o América a raça vermelha.
«Assim, certos animais, de que apenas os despojos são encontrados, nunca teriam vivido na Terra atual, mas teriam sido transportados de outros mundos desmanchados pela velhice. Os fósseis, que se encontram em climas sob os quais não teriam podido existir neste mundo, viviam sem dúvida em zonas muito diferentes nos globos onde nasceram. Tais despojos na Terra se encontram nos pólos, ao passo que os animais viviam no Equador dos globos a que pertenciam.»
5. - Esta teoria tem contra si os mais positivos dados da ciência experimental, além de que deixa intacta a questão mesma que ela pretende resolver, a questão da origem. Diz, é certo, como a Terra se teria formado, mas não diz como se formaram os quatro mundos que se reuniram para constituí-la.
Se as coisas se houvessem passado assim, como se explicaria a inexistência absoluta de quaisquer vestígios daquelas imensas soldaduras, não obstante terem ido até às entranhas do globo? Cada um daqueles mundos, o Ásia, o África, o Europa e o América, que se pretende haverem trazido os materiais que lhes eram próprios, teria uma geologia particular, diferente da dos demais, o que não é exato. Ao contrário, vê-se, primeiramente, que o núcleo granítico é uniforme, de composição homogênea em todas as partes do globo, sem solução de continuidade. Depois, as camadas geológicas se apresentam de formação igual, idênticas quanto à constituição, superpostas, em toda parte, na mesma ordem, continuas, sem interrupção, de um lado a outro dos mares, da Europa à Ásia, à África, à América, e reciprocamente. Essas camadas que dão testemunho das transformações do globo, atestam que tais transformações se operaram em toda a sua superfície e não, apenas, numa porção desta; mostram os períodos de aparecimento, existência, e desaparecimento das mesmas espécies animais e vegetais, nas diferentes partes do mundo, igualmente; mostram a fauna e a flora desses períodos recuados a marcharem simultaneamente por toda parte, sob a influência de uma temperatura uniforme, e a mudar por toda parte de caráter, à medida que a temperatura se modifica. Semelhante estado de coisas não se concilia com a formação da Terra por adjunção de muitos mundos diferentes.
Ao demais, é de perguntar-se o que teria sido feito do mar, que ocupa o vazio deixado pela Lua, se esta não se houvesse recusado a reunir-se às suas irmãs. Que aconteceria à Terra atual, se um dia a Lua tivesse a fantasia de vir tomar o seu lugar, expulsando deste o mar?
6. - Semelhante sistema seduziu algumas pessoas, porque parecia explicar a presença das diferentes raças de homens na Terra e a localização delas. Mas, uma vez que essas raças puderam proliferar em mundos distintos, por que não teriam podido desenvolver-se em pontos diversos do mesmo globo? É querer resolver uma dificuldade por meio de outra dificuldade maior. Efetivamente, quaisquer que fossem a rapidez e a destreza com que a operação se praticasse, aquela junção não se houvera podido realizar sem violentos abalos. Quanto mais rápida ela fosse, tanto mais desastrosos haviam de ser os cataclismos. Parece, pois, impossível que seres apenas mergulhados em sono cataléptico hajam podido resistir-lhes, para, em seguida, despertarem tranqüilamente. Se fossem unicamente germens, em que consistiriam? Como é que seres inteiramente formados se reduziriam ao estado de germens? Restaria sempre a questão de saber-se como esses germens novamente se desenvolveram. Ainda aí, teríamos a Terra a formar-se por processo miraculoso, processo, porém, menos poético e menos grandioso do que o da Gênese bíblica, enquanto que as leis naturais dão, da sua formação, uma explicação muito mais completa e, sobretudo, mais racional, deduzida da observação. (1)
    (1) Quando tal sistema se liga a toda uma cosmogonia, é de perguntar-se sobre que base racional pode o resto assentar. A concordância que, por meio desse sistema, se pretende estabelecer, entre a Gênese bíblica e a Ciência, é inteiramente ilusória, pois que a própria Ciência o contradiz.

Alma da Terra

7. - A alma da Terra desempenhou papel principal na teoria da incrustação. Vejamos se esta idéia tem melhor fundamento.
O desenvolvimento orgânico está sempre em relação com o desenvolvimento do princípio intelectual. O organismo se completa à medida que se multiplicam as faculdades da alma. A escala orgânica acompanha constantemente, em todos os seres, a progressão da inteligência, desde o pólipo até o homem, e não podia ser de outro modo, pois que a alma precisa de um instrumento apropriado à importância das funções que lhe compete desempenhar. De que serviria à ostra possuir a inteligência do macaco, sem os órgãos necessários à sua manifestação? Se, portanto, a Terra fosse um ser animado, servindo de corpo a uma alma especial, essa alma, por efeito mesmo da sua constituição, teria de ser ainda mais rudimentar do que a do pólipo, visto que a Terra não tem, sequer, a vitalidade da planta, ao passo que, pelo papel que lhe atribuíram à alma, fizeram dela um ser dotado de razão e do mais completo livre-arbítrio, em resumo: um como Espírito superior, o que não é racional, porquanto nunca nenhum Espírito se achou menos bem aquinhoado, nem mais aprisionado. Ampliada neste sentido, a idéia da alma da Terra tem, então, de ser arrolada entre as concepções sistemáticas e quiméricas.
Por alma da Terra, pode entender-se, mais racionalmente, a coletividade dos Espíritos incumbidos da elaboração e da direção de seus elementos constitutivos, o que já supõe certo grau de desenvolvimento intelectual; ou, melhor ainda: o Espírito a quem esta confiada a alta direção dos destinos morais e do progresso de seus habitantes, missão que somente pode ser atribuída a um ser eminentemente superior em saber e em sabedoria. Em tal caso, esse Espírito não é, propriamente falando, a alma da Terra, porquanto não se acha encarnado nela, nem subordinado ao seu estado material. É um chefe preposto ao seu governo, como um general o é ao comando de um exército.
Um Espírito, incumbido de missão tão importante qual a do governo de um mundo, não poderia ter caprichos, ou, então, teríamos de reconhecer em Deus a imprevidência de confiar a execução de suas leis a seres capazes de lhes contravir, a seu bel-prazer. Ora, segundo a doutrina da incrustação, a má-vontade da alma da Lua é que houvera dado causa a que a Terra ficasse incompleta. Há idéias que a si mesmas se refutam. (Revue de setembro de 1868, pág. 261.)
O autor da carta acima, homem de grande saber, seduzido, um instante, por essa teoria, logo lhe descobriu os lados vulneráveis e não tardou a combatê-la com as armas da Ciência."

("A Génese", Allan Kardec)

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

"POESIA DO ALÉM"

"Sombra e Luz
Vem a noite, volta o dia,
Cresce o broto, nasce a flor,
Vai a dor, surge a alegria
Dourando a manhã do Amor.
Assim, depois da amargura
Que a vida terrena traz,
A alma encontra na Altura
A luz, a ventura e a paz."


("Parnaso de Além-Túmulo- Poesias Mediúnicas", Casimiro Cunha/ Francisco Cândido Xavier)

sábado, 10 de setembro de 2011

"SUPORTA"

"Nos momentos de crise,
Não te abatas. Escuta.

Por nada te revoltes,
Nem te amedrontes. Ora.

Suporta a provação.
Não reclames. Aceita.

Não grites com ninguém.
Nem firas. Abençoa.

Lance de sofrimento
É o ensejo da fé.

Silencia. Deus sabe
O instante de intervir."


("Caminhos", Emmanuel, Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

"O BEM É A META"

"Surge a Era Nova.
O sol da esperança desbasta as trevas da ignorância.
Pequenos grupos de servidores verdadeiros do Evangelho, no silêncio da renúncia, estão levantando os pilotis sobre os quais será erguida a Era Nova.
Sem alarde, em luta ingente, esses corações convidados constituem segurança para o mundo melhor de amanhã.
Não obstante o vendaval, as ameaças do desequilíbrio e o predomínio aparente das forças da violência, o bem, corno fluido de libertação, penetra todo o organismo terrestre preparando o mundo novo.
Não engrossam as fileiras dos desanimados, nem aplaudem a insensatez dos perversos ou apóiam a estultícia dos vitoriosos da ilusão.
Quem aprendeu a confiar em Jesus põe as suas raízes na verdade. São minoria, não, porém, grupo ao abandono.
Todos os grandes ideais da humanidade surgem em pequeninos núcleos, que se alargam em gerações após gerações.
O Cristianismo restaurado, por sua vez, é a doutrina do amanhã, no enfoque espírita, porque, enquanto a mensagem de Jesus teve de destruir as bases do paganismo para erguer o santuário do amor, o Espiritismo deve apenas erigir, sobre o Cristianismo, o templo luminoso da caridade.
Chamados para este ministério, não duvidam, alegrando-se por ter seus nomes inscritos, como diz o Evangelho, no livro do reino dos céus e serem conhecidos do Senhor.
*
Nossa Casa tem ação. É hoje reduto festivo, santuário que alberga Espíritos mensageiros da luz, oficina onde se trabalha, escola de educação e hospital de recuperação de vidas.
Com outros Obreiros aqui temos estado, mantendo a chama da verdade acesa - como ocorria com os antigos faróis com a flama ardente, apontando a entrada dos portos e mais tarde dando notícias dos recifes e perigos do mar.
*
Filhos da alma, nunca desistam de fazer o bem, face ao aparente triunfo do mal em desgoverno, em torno de suas vidas.
Passada a tempestade, a luz volta a fulgir.
A sombra é somente ausência da claridade. Não é real.
Só Deus é Vida; somente o Bem é meta."

("Momentos Enriquecedores", Joanna de Ângelis/Divaldo Pereira Franco)

domingo, 4 de setembro de 2011

"O BURRO DE CARGA"

"No tempo em que não havia automóveis, na cocheira de famoso palácio real um burro de carga curtia imensa amargura, em vista das pilhérias e remoques dos companheiros de apartamento.
Reparando-lhe o pelo maltratado, as fundas cicatrizes do lombo e a cabeça tristonha e humilde, aproximou-se formoso cavalo árabe, que se fizera detentor de muitos prêmios, e disse, orgulhoso:
- Triste sina a que recebeste! Não Invejas minha posição nas corridas? Sou acariciado por mãos de princesas e elogiado pela palavra dos reis!
- Pudera! - exclamou um potro de fina origem inglesa - como conseguirá um burro entender o brilho das apostas e o gosto da caça?
O infortunado animal recebia os sarcasmos, resignadamente.
Outro soberbo cavalo, de procedência húngara, entrou no assunto e comentou:
- Há dez anos, quando me ausentei de pastagem vizinha, vi este miserável sofrendo rudemente nas mãos de bruto amansador. É tão covarde que não chegava a reagir, nem mesmo com um coice. Não nasceu senão para carga e pancadas. É vergonhoso suportar-lhe a companhia.
Nisto, admirável jumento espanhol acercou-se do grupo, e acentuou sem piedade:
- Lastimo reconhecer neste burro um parente próximo. É animal desonrado, fraco, inútil... Não sabe viver senão sob pesadas disciplinas. Ignora o aprumo da dignidade pessoal e desconhece o amor-próprio. Aceito os deveres que me competem até o justo limite; mas, se me constrangem a ultrapassar as obrigações, recuso-me à obediência, pinoteio e sou capaz de matar.
As observações insultuosas não haviam terminado, quando o rei penetrou o recinto, em companhia do chefe das cavalariças.
- Preciso de um animal para serviço de grande responsabilidade - informou o monarca -, animal dócil e educado, que mereça absoluta confiança.
O empregado perguntou:
Não prefere o árabe, Majestade?
- Não, não - falou o soberano -, é muito altivo e só serve para corridas em festejos oficiais sem maior importância.
- Não quer o potro inglês?
- De modo algum. E’ muito irrequieto e não vai além das extravagâncias da caça.
- Não deseja o húngaro?
- Não, não. É bravio, sem qualquer educação. É apenas um pastor de rebanho.
- O jumento serviria? - insistiu o servidor atencioso.
- De maneira nenhum. É manhoso e não merece confiança.
Decorridos alguns instantes de silêncio, o soberano indagou:
- Onde está o meu burro de carga?
O chefe das cocheiras indicou-o, entre os demais.
O próprio rei puxou-o carinhosamente para fora, mandou ajaezá-lo com as armas resplandecentes de sua Casa e confiou-lhe o filho, ainda criança, para longa viagem.
Assim também acontece na vida. Em todas as ocasiões, temos sempre grande número de amigos, de conhecidos e companheiros, mas somente nos prestam serviços de utilidade real aqueles que já aprenderam a suportar, servir e sofrer, sem cogitar de si mesmos."

("Idéias e Ilustrações",Neio Lúcio/ Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

"AJUDE SEMPRE"

"Diante da noite, não acuse as trevas. Aprenda a fazer lume.
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Em vão condenará você o pântano. Ajude-o a purificar-se.
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No caminho pedregoso, não atire calhaus nos outros. Transforme os calhaus em obras úteis.
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Não amaldiçoe o vozerio alheio. Ensine alguma lição proveitosa, com o silêncio.
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Não adote a incerteza, perante as situações difíceis. Enfrente-as com a consciência limpa.
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Debalde censurará você o espinheiro. Remova-o com bondade.
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Não critique o terreno sáfaro. Ao invés disso, dê-lhe adubo.
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Não pronuncie más palavras contra o deserto. Auxilie a cavar um poço sob a areia escaldante.
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Não é vantagem desaprovar onde todos desaprovaram. Ampare o seu irmão com a boa palavra.
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É sempre fácil observar o mal e identificá-lo. Entretanto, o que o Cristo espera de nós outros é a descoberta e o cultivo do bem para que o Divino Amor seja glorificado."

("Agenda Cristã", André Luiz/ Francisco Cândido Xavier)